MOTORALF - Gilera 4

O ano passado será lembrado como o ano da consagração do motor 4 cilindros em linha transversal. O lançamento, entre nós, da Honda Hornet, foi apenas um respingo do tema, pois a Yamaha foi a campeã mundial de motovelocidade com a M1 e Valentino Rossi e a BMW lançou a revolucionária K 1200 S, sem falar das espetaculares GSX, R1, ZX, RR, MV além da FJR entre outras.

Para muitos, essa história começa com a Honda CB 750 Four K0, em 1969, mas nas pistas tudo começou em 1934, com o projeto Rondine e a Gilera 4, a vovó de todas elas. Dois engenheiros, Carlo Gianini e Pietro Remor, mais um piloto, Piero Taruffi, foram os responsáveis por essa clássica representar a Itália nas corridas. A "4" pilotada por Taruffi, já em 1935 vence seu primeiro GP de Trípoli, em seguida vence o de Pescara, esta já com quadro tubular periférico (lateral frame), em vez do prensado. O motor de 499 cm3 rendia 60 cv a 8 500 rpm, com os 4 cilindros inclinados a 40º, duplo comando no cabeçote, refrigeração líquida e alimentação por compressor (super charger). Carenada, essa Quattro alcançava 248 km/h em 1935!!!

Em 1937, em Ulster, Dorino Serafim demonstra sua invencibilidade recebendo o título de Campeão Europeu de 500, marcando a "Ton Lap", volta com a média de velocidade superior a 100 milhas por hora, cerca de 160 km/h. Também em 37, Taruffi ultrapassa a incrível marca de 274,18 km/h no retão da estrada entre Bescia e Bergamo. Tudo agora parece fácil, mas naquele tempo as velas falhavam muito, os pneus estouravam e as ignições e o platinado nem sempre funcionavam.

Com o fim da guerra (1945) e os novos regulamentos proibindo o uso de compressores, Remor simplifica seu motor para 348 cm3 e refrigeração a ar, igualmente vencedor. Em 1957, mesmo imbatível, a fábrica resolve investir em motos populares de 1 cilindro de 48 a 300 cm3, deixando as competições livres para as novas MV Agusta com motores 4 em linha, também desenhados por Remor. Apenas em 1960 é que apareceram nas competições as Honda 250 cm3, 4 cilindros e 16 válvulas. Com a morte de seus fundadores a Gilera foi vendida ao grupo Piaggio, fabricante da Vespa e uma das maiores empresas de motocicletas.